terça-feira, 16 de março de 2010

GERALDÃO EM LUTO NOS QUADRINHOS

Glauco e seu filho são mortos a tiros

Solteiro há 30 anos, o personagem Geraldão nunca teve namorada e ainda é virgem. Criado pelo cartunista Glauco Villas Boas em 1981, o cartoon conta a história de um típico solteirão, mimado por sua mãe e cheio de vícios.
Publicado na coluna Ilustrada do jornal Folha de São Paulo, Geraldão frequentemente aparece com suas duas bonecas infláveis que o ajudam a sonhar com o dia em que perderá sua virgindade, porém, sua mãe é ciumenta e não permite que ele namore com nenhuma garota. O personagem é fumante e paranóico pelo consumo de remédios e cigarro, não fosse apenas isso, é extremamente consumista e dono do hábito de andar pelado por onde quer que vá.
Geraldão constantemente deixava seus fãs ansiosos à espera da próxima história, que a partir de agora, ficará sem final. A trajetória desse personagem foi interrompida junto com a de seu criador, Glauco, 53 anos, durante a madrugada da última sexta-feira (12). Villas Boas foi surpreendido ao chegar em sua casa na cidade de Osasco (São Paulo), por um homem que se diz viciado em drogas e participar de rituais do Santo Daime. Por tentar acalmar o rapaz que tentava leva-lo a força para casa de sua mãe, acabou baleado com quatro tiros, seu filho, Raoni de 25 anos, também foi baleado, os dois morreram, deixando sua família, o personagem Geraldão e todos seus fãs órfãos.
Dono de um ácido humor, Glauco foi um dos primeiros cartunistas que auxiliaram no processo de modernização do projeto gráfico dos cartoons no período pós-ditatorial no Brasil. Em todos seus personagens, sempre trazia desenhos sutis, com traços infantis, porém com abordagens que expressavam o cotidiano e problemas enfrentados no dia-a-dia da maioria das pessoas. Querido pelos colegas de profissão, Glauco por muitas vezes associou-se com Angeli e Laerte, com quem possuía grande afinidade devido trabalharem juntos durante anos no mesmo veículo de comunicação. Os três chegaram a lançar juntos, o livro “Los três amigos”, que usavam do sarcasmo para se auto-ironizarem em espanhol.


Nenhum comentário: